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Trocar os chavões por miúdos

  • Foto do escritor: Mariana Serrano
    Mariana Serrano
  • 17 de jun. de 2021
  • 2 min de leitura

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Fotogrfia de Luís Costa Ribas de News Museum


Em 1980, quando jornalismo entrou na vida de Luís Costa Ribas, juntar-se a uma redação, partiu de um anúncio do Semanário Tempo: “Repórteres precisam-se com ou sem experiência”. Apesar da dificuldade para se integrar o ofício ter aumentado, mantem-se a linguagem pouco acessível nas peças.

Quando Luís partiu para os Estados Unidos, em 1984, o seu trabalho era “dar a notícia do dia”. Depois de trinta e sete anos, devido à rapidez com que a informação se transmite (seja através da televisão, de jornais online ou das redes sociais), “o papel do jornalista já não é tanto dar a notícia do dia, mas ser o tradutor da realidade cultural e política do país onde está.” Coloca a generalização como o “principal erro do jornalismo”: há uma necessidade de interpretar e não limitar a realidade ao preto e branco, aproveitando a multiplicidade de cores que possa surgir no sombreado.

Na rotina diária de redação, em que o relógio dá um compasso acelerado à elaboração de peças, surge a necessidade o jornalista conhecer o mundo em que está e produzir artigos informados. Há uma necessidade de compreender o que se que transmitir e não se limitar, nas palavras Chris W. Anderson, a um “jornalismo como veículo para informação profissionalmente tratada”.

A fuga aos assuntos complicados, não é uma solução viável, como evidenciou a pandemia. Quando o coronavírus chegou a terras lusas, tivemos meses em que as conferências de Imprensa da Direção Geral de Saúde eram transmitidas em direto (com excertos ou na integra). A forma imediata de transmissão levou a que as peças vindouras não explicassem o que havia sido mencionado. Apenas se dá a conhecer os avanços usando as expressões aplicadas pela DGS. Luís Costa Ribas utiliza o exemplo do RT, a expressão que tem estado presente nas notícias. O Índice de transmitibilidade, apesar da explicação na primeira utilização, escapou a grande parte da audiência.

Luís, procurava conhecer a realidade dos ‘comuns mortais’, como a sua mãe e a doméstica, e compreender se a sua informação foi compreendida. Como nos explica, o “simples não é simplista”, mas sim a tradução de uma matéria especifica a uma linguagem acessível, “trocando a linguagem por miúdos para que todos compreendam”. Mas esta dificuldade de linguagem, nos quarenta anos de trabalho do jornalista, esteve sempre presente. “Presumir que as pessoas sabem mais do que aquilo que sabem: que viram a nossa última notícia.” Só através do contexto é que o conteúdo importante é levado com a importância que deve ser recebido: utilizar uma linguagem que possa ser compreendida por um individuo com a quarta classe “sendo acessível a todos sem ofender os que possam saber mais”. Mais do que dar uma notícia, é preciso compreender o que se quer transmitir. Porque se não há tempo para pensar mais do que dois segundos sobre o assunto, prejudica o bom jornalismo.


Elaborado no âmbito da Unidade Curricular de Jornalismo Internacional

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